Aprendi que ninguém transforma ninguém e que ninguém se transforma sozinho. Confirmei que “o ser humano é maior que os seus males, que as suas dores e os seus traumas.” Relembrei que primeiro deveremos escutar. Segundo, que tudo está ligado a tudo. Terceiro, tudo o que há está em permanente transformação. E, finalmente, Crema, o pai da Ecologia do Encontro, faz questão de nos lembrar que a terra não é nossa. Nós é que somos da terra. Talvez por isso mesmo, para ele, a menor distância entre duas pessoas seja o riso e a lágrima.
Companheiro de nomes incontornáveis da história recente como Pierre Weil ou Jean-Yves Leloup, em conjunto denunciaram a mais terrível de todas as patologias: a normose. A anomalia da normalidade medíocre, suportada por um alienado consenso social. “O normótico é a pessoa adaptada a um contesto dominantemente mórbido e corrupto que, com o seu conformismo e inércia, realimenta o sistema enfermo, mantendo o status quo.” “(…) Um reflexo de nosso descuido, das distorções das nossas instituições, do cinismo e do desamor generalizado.”
Crema afirma que “estamos aqui para liderar”. Se isso não acontece é porque” (…) nos perdemos; ouvimos demais papai, mamãe, a sociedade, os vizinhos, os professores distraídos, e é porque nós nos conformamos com uma miséria confortável.” Porém, não valerá a pena falar em liderança sem antes perceber o que é a miséria e a excelência humana. Para o autor há três tipos de seres humanos. “Aqueles que nascem e morrem piores do que nasceram – são os degenerados. Aqueles que nascem e morrem como nasceram – são os que mantiveram a saúde. E aqueles que nascem e se tornam quem eles são, assim como uma flor se torna uma flor, uma mangueira se torna uma mangueira – são os que aceitaram o desafio da evolução.”
A liderança será apenas isso? Ser donos da nossa própria história. Todavia, esta é, igualmente, a condição mais exigente perante a vida. Inconvenientemente, a normose obriga-nos a desinvestir do nosso potencial máximo. Então, mergulharemos no poço de nós mesmos. A este respeito, ele pergunta ainda: “Você consegue desligar os seus pensamentos? Se você é capaz disso, então você é um líder na sua mente. Se não conseguir, você está sendo levado, está sendo pensado, você não é o pensador, o sujeito.”
A solução para Crema passa por fortalecer a alma, através de uma alfabetização psíquica. O autor alerta-nos para o facto de na sociedade atual ser possível haver um indivíduo pós-doutorado “analfabeto emocional, um bárbaro da vida, um ignorante da alma…” E isso é assustador!
Crema defende ser necessário “colocar a alma no pré-primário: que as crianças possam aprender sobre emoções, sentimentos exercitar relacionamentos, enfim, aprender a aprender sobre si mesmo.
Mas o que será um líder, afinal? É “uma pessoa que se conheceu e se conquistou, aprendendo a liderar a si mesmo.” Até aqui nada de novo, pensei. Todavia, com a serenidade habitual, Crema volta a colocar-nos a mesma questão de sempre: “Você lidera seus pensamentos, seus sentimentos, suas atitudes? Você é senhor na sua própria casa?” Pois…
Roberto Crema é reitor da Universidade Internacional da Paz – UNIPAZ. Autor e coautor de trinta livros. Valerá muito a pena ler qualquer uma destas suas obras
Mto interessante essa forma de saber liderar a si mesmo.
Saudações!!! Acabei de participar, pela Unipaz SP, de um seminário com esse QUERIDO MESTRE! Aprendi que sem AMOR BENEVOLENTE, não há terapeuta, nem educador, nem pai e mãe, ninguém que seja realmente digno de honrar qualquer título ou papel social,, ainda mais nesse tempo em que vivemos. Há que SER, para FAZER COM AMOR. Gratidão, Mestre!!! Nos encontraremos em breve!!! Gostaria de saber o nome exato daquele poema e seu autor, que você recitou me respondendo. Abraços!!! Marisa Amaral Leite