Afinal, o que é a tão buscada e decantada felicidade, da qual tanto se fala, tanto se busca, tanto se vende e tanto nos escapa?

Talvez nunca este tema tenha sido tão exaltado quanto nos tempos atuais. Sintoma indicativo, por um lado, da sofreguidão de um mercado de euforia centrado em questões secundárias, desconectado do Essencial, de onde emana a verdadeira felicidade. Por outro, de um legítimo anseio pela realização do potencial humano de florescimento.

Há uma filosofia da felicidade no Ocidente desde os pré-socráticos, com Tales de Mileto e sua ênfase na saúde corporal, boa sorte e alma cultivada, e Demócrito do atomismo, com a medida do prazer, que influenciou Epicuro e a sua Escola da Felicidade, que postulava o equilíbrio e a temperança. A eudaimonia dos gregos, focando os bons demônios ou gênios: Sócrates e sua ênfase na virtude, justiça e a sabedoria de não saber; seu discípulo Aristipo, do hedonismo, para quem o prazer é o bem supremo e a finalidade da ética; o estoicismo, de Zenão a Sêneca, da felicidade como ataraxia, estado de apaziguamento e de tranquilidade, que se atinge pela eliminação do vício e da paixão e a aceitação do destino; Platão, indicando que a senda feliz é a prática da sabedoria, da virtude e da justiça, com discernimento, simplicidade, bondade e beleza; Aristóteles, da dualidade do terceiro excluído, e a felicidade como o bem mais desejado, o fim das ações humanas, derivada de uma razão sábia, e tantos outros… Na Idade Média, quando o tema da felicidade foi absorvido pela busca cristã da salvação da alma, Agostinho apontava a felicidade divina na “Cidade de Deus”, e Tomás de Aquino, no retorno a Deus, e tantos outros… Na Idade Moderna, o empírico e liberal Locke da busca da felicidade e das regras e medidas como objeto da ética; Leibniz, da matemática filosófica apontando o infinito eterno e o amor de ser feliz com a felicidade alheia; Spinoza, da felicidade e seus aspectos afetivo, cognitivo e ético ligada à liberdade e o sentimento de união com Deus; Kant, refletindo sobre um antagonismo entre felicidade e a inteligência, e sobre a desconexão dos prazeres e dos desejos com relação à ética; a felicidade como direito estabelecido pelos filósofos da Constituição dos Estados Unidos; Schopenhauer, da felicidade como erro inato e satisfação sucessiva do querer de uma existência, cuja essência é a Vontade de viver; Nietzsche, com seu postulado da força vital, da luta perene de superação, do amor fati pela vida como ela é, da felicidade como frágil e fugaz; Russel, que indicava a obtenção da felicidade pela superação do egocentrismo, e tantos outros…

Pretendo modestamente contribuir na reflexão ampliativa sobre este inesgotável e significativo tema, com um decálogo construído a partir da perspectiva transdisciplinar holística, centrada no Encontro como a matriz básica da transformação e do cuidado, com fundamentos antropológicos que clarifiquem e abranjam os conceitos interconectados do prazer, da felicidade, do júbilo e da beatitude.

1.     Felicidade e a Inteireza

Antes de tudo, afirmo que a felicidade não é algo que se possa buscar em si mesma, já que é uma consequência natural de uma inteireza conquistada, sempre inacabada. Em outras palavras, somos felizes na medida precisa em que nos tornamos mais inteiros, mais íntegros, mais completos. Este é um tema que solicita, portanto, uma abordagem holística, pois implica na integração da parte com o todo; e transdisciplinar, já que pressupõe o diálogo de todos os estilos do saber: a ciência, com a filosofia, a arte e a espiritualidade.

Tudo que é inteiro é belo, é saudável, é sagrado e é pacífico. Neste sentido, o conceito da felicidade converge plenamente com o da paz. Segundo Chouraqui[1] shalôm, paz em hebraico, vem da mesma raiz de shalem, que significa inteireza. Shanti, em sânscrito, que significa paz tanto no hinduísmo quanto no budismo, vem da raiz san, que significa organizar, preparar, implicando também na visão de totalidade, de completude. Felicidade e paz, portanto, são conceitos intrinsecamente conectados, inteireza em movimento, utopias realizáveis em plena sintonia.

Naturalmente, trata-se da felicidade e da paz no reino humana, que se distingue de outras espécie por sua incompletude, seu inacabamento; pelo fato de que não nascemos humanos – nós nos fazemos humanos. Uma tartaruga já nasce tartaruga e caminha sem hesitar para o mar. O quanto esta imagem se diferencia da condição humana é bastante evidente. Por esta razão, como afirmava Confúcio, o humano necessita do cultivo da educação, para que sua nobreza potencial possa manifestar-se, com sua natureza ao mesmo tempo feliz e pacífica.

Constatamos, então, que o obstáculo à vivência da felicidade e da paz é o mesmo: a fragmentação, um flagelo que caracteriza os tempos sombrios que estamos testemunhando, que se traduz por uma crise de dissociação e de desvinculação em escala global. Como insistia Pierre Weil[2], precisamos transcender a normose da fantasia da separatividade, que constitui a fonte dos apegos, fundamento básico do império da infelicidade.

O fator pessoal básico de separatividade é o ego. Logo, o egocentrismo representa uma grande barreira à vivência da felicidade. Não se trata de antagonizar o ego, e muito menos de destruí-lo, já que ele representa o enraizamento na matéria e na sociedade, e um centro mental de referência e de coordenação na tarefa do existir. Trata-se de dosificá-lo, relativizá-lo e orientá-lo pelos horizontes do transpessoal, pelos domínios do Ser.

Penso que o maior feito de C. G. Jung[3] foi o de ter introduzido o processo iniciático na psicologia ocidental, postulando, além da mera meta da cura, o processo da individuação – espiralado, mandálico e orientado para a interioridade. Uma senda que, da periferia da persona egoica, nos conduz à centralidade do Self. Estar centrado é, portanto, um pré-requisito para a sonhada felicidade. Sem um centro estaremos infelizes e perdidos até em nossos quartos; no aconchego feliz de um centro, em lugar algum seremos estrangeiros.

A felicidade não pode ser a meta, já que é um resultado natural de um processo evolutivo, um bem-estar psíquico que brota da consciência de inteireza e da centralidade do Ser. Antes de ser o destino, é uma jornada. Querer ser feliz a todo custo é uma falácia alimentada por uma poderosa e normótica indústria ego centrada de propaganda consumista, de medicamentos milagrosos e de livros pueris. Buscar a inteireza e a transparência do Ser, eis o desafio real das trilhas rumo a uma plenitude possível!

2.     Felicidade e o Desprendimento

Quando Sidarta Gautama, o Buda, iluminou-se debaixo de uma figueira, conhecida como a árvore Bo – uma abreviação de bodhi, que significa iluminação -, após ter vencido as tentações de Mara, como Cristo no deserto séculos depois, ele desvelou as Quatro Nobres Verdades, colocando em marcha a Roda do Dharma.

A Primeira Nobre Verdade afirma que existir é dukka, que em sânscrito significa sofrimento, um descentramento na origem da aflição de nascer, de adoecer, de envelhecer, de morrer, de se aprisionar ao que não se gosta e de se privar quanto ao que se ama.

A Segunda Nobre Verdade refere-se à causa do sofrimento, tanha, o amargor causado pelo apego aos desejos do ego. O apego é a metapatologia da identificação; como tudo é impermanente, os apegos conduzem, inevitavelmente, ao medo e ao sofrimento, decorrente da ignorância existencial, avidya – o desconhecimento ou esquecimento do Ser.

A Terceira Nobre Verdade desvela a solução evolutiva do dilema humano: a cessação do sofrimento, pela desidentificação e superação dos apegos.

Finalmente, a Quarta Nobre Verdade postula a terapia do Caminho Óctuplo, que prescreve o centramento, a via do meio que transcende os extremos, por meio de oito práticas-virtudes conjugadas: o ver-pensar correto, a intenção correta, a palavra correta, a conduta correta, o viver correto, o esforço correto, a meditação correta, e a atenção-meditação correta.

Como um magistral terapeuta, Buda fez um diagnóstico, anteviu um prognóstico e prescreveu um tratamento para o sofrimento humano, que dá bons frutos ao longo de dois milênios e meio, a exemplo do testemunho risonho e sábio do atual Dalai Lama, fruto desta árvore do despertar para uma plenitude possível. Eis a canção vitoriosa de Buda frente a Mara, deus hindu da ilusão, segundo Smith e Novak[4]:

Através de muitos nascimentos, andei por este mundo,

procurando em vão o construtor desta casa.

Não realizar é nascer de novo e de novo nascer!

Ó construtor da casa! Agora vejo você!

Você não precisa construir mais casas para mim!

Suas vigas estão quebradas,

sua viga-mestra, abalada.

Minha mente está livre de todas as condições passadas,

e não anseia pelo futuro.

O desprendimento diante dos apegos do mundo não significa um caminho de renúncia aos desejos, que são expressões naturais da Vida. Nem renunciar, nem se apegar: transmutar. A arte é a de não se identificar com os desejos e com tudo que é passageiro; de não absolutizar o relativo e de não lançar âncora na areia da fugacidade. Afirma Rabindranath Tagore[5]:

A libertação, para mim, não está na renúncia. Sinto o abraço da liberdade em mil laços de prazer.

Tu sempre estás vertendo para mim o gole fresco de teu vinho de várias cores e perfumes, enchendo este vaso de barro até as bordas.

Meu mundo acenderá suas centenas de diferentes lamparinas com tua chama, e depois os colocará diante do altar de teu templo.

Não! Jamais fecharei as portas de meus sentidos. Os prazeres de meus olhos, de meus ouvidos e de meu tato estarão sempre cheios de Teu prazer.

Sim! Minhas ilusões todas se acenderão num raio de alegria, e todos os meus desejos amadurecerão em frutos de amor.

São os apegos que nos pesam e impedem, em nós, a dança da Vida. Todavia, o desapego é também uma forma de apego às avessas. A arte da libertação solicita plena atenção ao apego: focar o seu processo com a luz da consciência. A Presença ao apego gera um distanciamento, que possibilita a emergência do Sujeito que testemunha, e produz o imediato exorcismo da identificação, uma possessão que sempre ocorre na desatenção. Eis a alquimia da Ecologia da Presença, que abre espaço para o voo da liberdade, com sua fragrância, entre outros nomes, denominada de felicidade.

3.     Felicidade e a Vocação

Os antigos gregos denominavam de telos a uma tendência de realização no âmago da própria alma, um chamado do futuro. Em cada ser humano há um impulso para o florescimento, uma força seminal em direção ao para que, à finalidade, à promessa de um devir. Como afirma James Hillman[6], da psicologia arquetípica, uma pessoa nasce com um caráter, um dom recebido no nascimento. Prefiro denominar de vocação à esta destinação traduzida pelo desejo mais profundo e permanente que nos trouxe à encarnação.

Quando fugimos ou nos desviamos do caminho vocacional da nossa promessa, à moda do arquétipo de Jonas do Antigo Testamento, atraímos tempestades, sintomas e infortúnios – não apenas para nós; também para os que nos rodeiam. Daí a importância de escrevermos nosso livro negro do sofrimento e da doença que, por meio da hermenêutica – a ciência e arte da interpretação -, possa nos revelar ou desvelar a mensagem da inteligência organísmica que denuncia uma contradição, um desvio existencial. Em outras palavras, o sintoma não é ruim; é um e-mail enviado pela sabedoria de um organismo ameaçado, que precisa ser devidamente lido, escutado e interpretado, para só então ser eliminado e superado. Uma esquecida lição, que precisamos resgatar neste tempo acelerado de processos degenerativos e regenerativos, que alguns denominam de transição planetária.

Também precisamos escrever e estudar nosso livro dourado do deslumbramento[7], com o relato dos momentos numinosos e estrelados da existência, quando badalam todos os sinos da catedral do Ser, quando nossa taça transborda e tudo faz sentido. Compreendo que o encantamento, que nos faz arrepiar, é o anúncio do Anjo da Vocação, nos sussurrando, com a força da delicadeza: – Vá por aí, este é o caminho com coração; vá adiante nesta senda, torne-se quem você realmente é!

A verdadeira felicidade brota, de maneira natural e gradativa, da trilha vocacional, quando honramos a promessa do nosso devir, e florescemos a partir do grão da veracidade em nós. Encarnamos para contar uma história, que ninguém poderá contar por nós. Quando a recordamos e relatamos com fidelidade, transparência e integridade, o Mistério conspira a nosso favor, por meio de sincronicidades, de insights inesperados e de encontros ou reencontros. Ninguém pode ser feliz contando uma história que não é a sua.

Considero este tema um dos mais fundamentais para uma educação e terapia integrais. O conceito de vocação também pode ser uma resposta inteligente e oportuna para transcendermos a polaridade insuficiente do enfoque do especialista versus o do generalista. O especialista é alguém que sabe quase tudo de quase nada, enquanto o generalista sabe quase nada de quase tudo. Não serão essas funções destinadas aos algoritmos de uma inteligência artificial, tão decantada por Noah Harari[8], que postula que o humano já se tornou obsoleto pelo big data? Talvez estejamos sendo pressionados a assumir a função singular da espécie sapiens, dotada de ancestralidade e de vacuidade fértil, da bênção do silêncio, ou seja, do não saber, um enigma que está além do alcance de qualquer computador de última geração: a vocação para florescer e nos tornar quem realmente somos.

4.     Felicidade e as Estações da Existência

Sustento que envelhecer não faz parte do ser humano saudável. Tudo passa, e nós também, felizmente. As montanhas passam, os rinocerontes passam, as estrelas passam e não envelhecem – simplesmente passam. A velhice é uma típica normose[9] muito comum, que indica que a estagnação usurpou o lugar do que deveria ser processo, e denuncia a existência de um desacordo mental com relação à etapa natural do fluxo da existência no qual nos encontramos.

Gosto de referir-me às estações da existência que, simbolicamente, podemos imaginar com duração de vinte e cinco anos cada. A primeira estação é a primavera, quando o mais importante é inclinar o coração para aprender, na tarefa prioritária de exercitar o amadurecimento psicofísico. Tempo de brincar, de cair e se levantar, de experimentar a explosão dos hormônios no nosso interior, descobrir a sensualidade e a sexualidade, desenvolver um ego integrado, minimamente equilibrado. Juventude é estar de acordo com os valores desta bela e florida estação. Velhice é estar em desacordo, como o jovem que raspa seus cabelos e canta mantras, devotando-se à mística, na perigosa aventura de buscar o transpessoal quando o pessoal ainda não foi construído…

Em seguida, o verão existencial. Tempo de sair da casa materna e paterna, para inventar uma identidade diferenciada. É quando nos defrontamos com o desafio da cidadania, e precisamos desvelar um saber e um fazer que contribua para a sociedade na qual nos convocamos a existir. Tempo de realização e de invenção de novos lares, encrencas inéditas, novos enlaces. Juventude é estar de acordo com esses valores; velhice é se deixar naufragar na barra da saia da mamãe, na segurança da conta bancária do papai; é não partir…

Segue-se o outono, estação dos frutos da maturidade, quando olhar para frente passa a ser olhar para dentro e para o alto. Tempo de apaziguamento, quando o andar se torna mais vagaroso, as palavras mais temperadas com prudência e lucidez. Juventude é estar em sintonia; sorrir para os cabelos brancos e os desvairados sonhos juvenis. Velhice é fazer de conta que ainda é primavera, na obsessão de apagar do semblante os simbólicos rastros da jornada, por meio de dezenas de plásticas; o desvario da mulher que compete com a filha, às vezes com a neta. O homem que se esvai na fachada da musculação, ostentando um carro esporte da moda, e uma pinta deslocada de play boy…

Enfim, o inverno, estação de prece e de silêncio, quando nos preparamos para deixar, com gratidão e leveza, a nossa morada tridimensional. Estação do cajado, da Mão da Vida em nossas mãos humanas. Templo-espaço contemplativo, do piscar risonho para a correria do mundo, do pressentir uma véspera de universos mais amplos e sutis, de escutar o sussurro dos ancestrais que nos aguardam. Juventude é estar de acordo, é aceitar o fluir incessante das águas do vir-a-ser, é abençoar todos e tudo, é sorrir para a canção da Vida, que alia nascimento e morte. Velhice é se enclausurar em álbuns de fotos, é brigar com o destino, agarrar-se à ilusão desesperada de uma existência que nos escapa, morrer de pavor do beijo do Mistério…

E depois do inverno, para quem não aprendeu a lição primeira e derradeira de amar e de servir… de novo, a primavera.

A felicidade decorre da aceitação e da entrega aos princípios e valores de cada estação, surfar as ondas do processo, não se bater contra a correnteza do vir-a-ser. É cuidar dos diversos recantos e climas do jardim da existência, sereno como um regato que corre em direção do mar. É ser paciente com Cronos, o deus do calendário e da rotina que devora seus filhos, e abraçar confiantemente Kairós, o deus do tempo oportuno, do eterno agora. É ser capaz de uma juventude perene, que consiste em dizer Sim para o instante; ousar a sabedoria amorosa e compassiva de servir, antes de partir.

5.     Felicidade e o Processo

A civilização analítica ocidental prioriza os acontecimentos, que povoam e poluem nossos noticiários cotidianos. Somos modelados por uma cultura de eventos: notícias de eleições, de guerras, de tsunamis, de quedas da bolsa de valores, de escândalos, de violências, de fake news etc. Enquanto a sabedoria contemplativa oriental, de modo particular a tradicional chinesa, valoriza o processo, que é invisível, silencioso, discreto, progressivo, vacuidade fértil. Como afirma o filósofo e sinólogo François Jullien[10], na sua obra sobre as transformações silenciosas, nós não percebemos os frutos ou o trigal amadurecer, nem um ser humano ou o aquecimento solar se desenvolver, em função desta dinâmica ser quase imperceptível, por meio de uma lenta, sutil e constante reconfiguração sistêmica. Em outras palavras, uma mudança acontece ruidosa e rapidamente por um longo e silente processo.

Deixar-se fascinar pelos acontecimentos é equivalente a fixar apenas a ponta de um iceberg, deixando de lado a sua porção submersa, que a sustenta e fundamenta. Entretanto, olhar apenas para o que está submerso priva-nos da dança do literal, das ocorrências e espetáculos do palco da superfície. Necessitamos da perspectiva ocidental e da oriental, dois olhares de uma mesmo semblante, dança de objetividade e subjetividade, do literal e simbólico, do visível e invisível.

Para acompanharmos estas duas fenomenologias, necessitamos de uma metodologia dupla, a analítica e a sintética, uma pesquisa a qual me dedico a três décadas[11].  A inteligência analítica, que constela razão e sensação, capta os eventos da superfície, os laços sucessivos causais da realidade exterior: refere-se à metáfora do hemisfério cerebral esquerdo, da lógica, da quantificação, da previsão, com pretensão explicativa. A inteligência sintética, do coração e da intuição, é apta para acompanhar a delicadeza íntima do processo, das conexões sincronísticas e simultâneas da realidade interior: diz respeito à metáfora do hemisfério cerebral direito, da captação global, da musicalidade, da poesia, da mística e comunhão.

A metáfora cerebral do corpo caloso, que conecta os dois hemisférios, simboliza a aliança possível entre estas duas formas de apreender a unicidade de um Real inefável, inesgotável. A inteligência integral solicita estas duas vias, a do analista e a do sintetista, a do saber e a do ser, a da palavra e a do silêncio, para que seja possível uma compreensão global, de onde o espectro multicolorido da felicidade possa se expressar.

6.     Felicidade e a Sombra

Para Jung, logo após a primeira e mais superficial camada de uma cartografia humana, a persona – um pacote de memórias que conhecemos, aceitamos e apresentamos no palco social, cujo centro é o ego -, encontra-se a sombra. Esta esfera converge com o conceito freudiano de inconsciente individual, produto de uma dinâmica repressiva, que constela aspectos geralmente opostos aos das máscaras da persona, que se expressa através de lapsos, de sintomas incontroláveis, e figura nos sonhos como alguém do próprio sexo da pessoa, que ela não reconhece, e que a atemoriza.

O desconhecimento da sombra conduz a dois fatos imperativos: a sua projeção nos outros e no mundo e, nos momentos de vulnerabilidade causados por alguma crise ou sobrecarga de stress, o fenômeno da possessão, emergência trágica e destrutiva pela assunção inesperada e geralmente catártica do comando da personalidade pelo sombrio, o que se desconhece em si mesmo. Segundo Jung, na medida em que nos aproximamos, reconhecemos, fazemos contato e aceitamos nossa sombra ela será despontecializada e, finalmente, integrada, tornando-nos mais inteiros, interessantes, contraditórios e saudáveis.

Não haverá felicidade profunda sem um mínimo da integração da persona e a sombra, um fenômeno de superação que Jung denominava de fator transcendente. Este processo integrativo estende-se a outras camadas mais profundas da cartografia, como o inconsciente familiar, o simbiótico, o coletivo-transexistencial, o cósmico e o angélico.

Tsultrim Allione[12], líder budista americana que se iniciou na tradição tibetana nos Himalaias, tendo convivido com grandes mestres durante décadas, vai um pouco mais longe, propondo a tarefa de alimentar a sombra, para que ela se torne uma aliada do processo evolutivo. No seu livro, Alimente seus Deuses e Demônios, ela resgata uma prática espiritual de uma mestra tibetana do século XI, Machig Labdrön, denominada de Tshöd, que significa transpassar, que consiste em nutrir, ao invés de combater, nossos inimigos internos e externos, como uma estratégia de resolução que conduz à integração psicológica, felicidade e paz.

Visando este processo, Allione desenvolveu um exercício de visualização, de diálogo e de nutrição dos demônios, simbolizados como obsessões, medos, doenças crônicas, depressão, dependência, ódios, perfeccionismos, culpas, ciúmes, entre outros, em cinco passos: 1. Descobrir em que local, no corpo, este demônio se encontra, vampirizando nossas energias; 2. Personificar esta energia particular diante de nós, em uma forma demoníaca; 3. Descobrir, colocando-se no seu lugar, o que ela necessita, ou seja, sua carência; 4. Imaginar que dissolvemos na vacuidade o próprio corpo que se torna um néctar nutritivo, a fluir para o demônio, nutrindo-o até a saciedade; 5. Descansar na clareza do estado desperto desta entrega à vacuidade. Segundo a autora, então descobriremos que a energia que estava a ele vinculada se torna uma aliada. “Paradoxalmente, alimentar nossos deuses e demônios até a total satisfação não os fortalece, mas, sim, permite que a energia que havia sido aprisionada dentro deles volte a ser acessível”, conclui Allione.  Acompanham este rito de nutrição as batidas duplas de um tamborete e o ressoar de um sino tibetano. As duas baquetas do pequeno tambor, que atingem simultaneamente os seus dois lados, simbolizam a inseparabilidade do sansara e do nirvana, dos deuses e dos demônios. O som do sino evoca a vacuidade, representando a sabedoria feminina.

Em uma de minhas viagens a Camboja visitei um grande templo, do complexo de Angkor, no meio de uma floresta habitada por milhares de macacos. Na entrada do templo há duas fileiras com dezenas de enormes imagens: de um lado, de deuses; do outro, de demônios, entre os quais o visitante passa, até a entrada do templo. Embora os deuses sejam muito mais honrados, naturalmente, nunca faltam flores também para os demônios, o que indica a sabedoria de não lutar contra eles; de reconhecê-los, para integrá-los. Assim como o bem, o mal tem direito de existir. Nós fortalecemos e nos prendemos a tudo que excluímos dentro e fora de nós.

Este também é o sentido profundo da passagem de São Francisco e o feroz lobo de Gubbio, que atacava os rebanhos e os pastores. Quando os aldeões se preparavam para caçá-lo o santo ofereceu-se para pacificá-lo. Ele vai ao encontro do lobo, apenas armado de amor compassivo, oferece-lhe alimento e faz com ele o trato de um cuidado mútuo. E todos testemunham a transformação do animal predador em um amigo protetor que viveu mansamente na cidade, até a sua morte. Seus ossos estão guardados em uma tumba na igreja de San Francesco dela Pace, em Gubbio.

No mito da luta de São Jorge com o dragão, a fera não é morta, senão cativada, e conduzida com uma coleira nas ruelas da vila pelas delicadas mãos da princesa que seria, por ele, sacrificada. Quando reconhecemos, aceitamos e alimentamos os demônios, sem complacência e sem exclusão, eles nos oferecem sua força, que passa a estar a serviço do bom, do belo e do bem.

“É preciso que tudo em nós floresça; a ambição, a avidez, o ódio, o regozijo, a paixão, para que de seu findar surja a redenção. Somente em liberdade pode alguma coisa vicejar, jamais na repressão, no controle, base de toda corrupção e perversão”, afirma Krishnamurti[13]. É na aceitação das luzes e das sombras que nos constituem que florescemos, nos renovamos, nos alegramos.

           7.     Felicidade e a Morte

No seu notável livro, A Negação da Morte, Ernest Becker[14] considera o que denomina de uma mentira vital: a tendência narcísica humana de reprimir e negar o inevitável da mortalidade. “A consciência da morte, e não a sexualidade, é a repressão primária”, afirma Becker, baseando-se sobretudo em Otto Rank, que se debruçou na questão da finitude, postulando o humano como um ser teológico, com necessidade salutar de uma insensatez legítima, além da racionalidade estreita e daquilo que ele denomina de motivação da estupidez. Becker inspira-se igualmente na perspectiva existencialista de Kierkegaard, que considerava a neurose como um pecado, e não uma doença, suscetível apenas de ser curada por uma visão do mundo aberta ao transcendente, sustentada na fé e no sentido heroico da condição humana, que solicita a aliança da espiritualidade com a ciência e a filosofia, a fim transcender a repressão da morte e a angústia da finitude.

Acolher o ramalhete pleno da existência convoca-nos ao desafio de mirar, lúcida e responsavelmente, a face da morte, que está sempre a nos espreitar do nosso lado esquerdo, à distância de um braço – dizia Dom Juan Matus ao seu discípulo Castañeda[15] -, como nossa inseparável companheira e melhor conselheira. Aceitar a finitude nos brinda com a graça misteriosa de existir como uma gota d’água na borda de um cântaro, ou um sabiá que canta ao cair da tarde.  Jung[16] afirma, no seu Livro Vermelho, que aceitar a morte é florescer; que necessitamos da sua frieza para ver com clareza, e para colher os frutos de uma vida com sentido.

Não é possível ser feliz alienando-nos em uma normose ilusória de imortalidade. Bert Hellinger[17] nos conta a história de um caminhante cansado e sedento, que pede um copo d’água para um fazendeiro solitário. Ao anoitecer, conversando os dois na varanda da fazenda, o estranho narrou que o seu mundo começou a mudar desde que percebeu que alguém sempre o acompanhava. E que necessitou de um tempo, para entender quem era seu acompanhante: “Minha companheira permanente é minha morte. Eu me acostumei tanto a ela que não quero mais sentir sua falta. Ela é minha melhor amiga, a mais fiel. Quando fico em dúvida sobre o que é certo e como devo prosseguir, fico um momento em silêncio e lhe peço uma resposta. Eu me exponho totalmente a ela, com toda minha receptividade. Sei que ela está ali e eu estou aqui. E sem me apegar a desejos, aguardo dela alguma indicação. Quando me recolho e a encaro corajosamente, vem-me, depois de algum tempo, uma palavra dela, como um relâmpago que ilumina a escuridão – e eu ganho clareza.” Prossegue Hellinger dizendo que este discurso impactou estranhamente o fazendeiro que, “em silêncio, ficou olhando longamente para dentro da noite. Então, também viu sua companheira – sua morte – e se curvou diante dela. Sentiu como se a vida que lhe restava se transformasse. Ficou saborosa, como o amor que conhece a despedida. E, como o amor, cheia até as bordas”. Mais tarde, ao se despedirem, o fazendeiro disse ao caminhante: “Mesmo que você vá, uma amiga fica comigo. Então saíram ao ar livre e se estenderam as mãos. O estranho prosseguiu seu caminho e o fazendeiro voltou ao seu campo.”

8.     Aquém e Além da Felicidade

 Todavia, a felicidade é apenas uma das cores do espectro maior de uma fenomenologia muito mais ampla. Diz Fernando Pessoa[18]:

Os Deuses vendem quando dão.

Compra-se a glória com a desgraça.

Ai dos felizes porque são

só o que passa.

Baste a quem baste o que lhe basta.

O bastante de lhe bastar!

A vida é breve, a alma é vasta:

Ter é tardar.

A inspiração certeira deste poema desnuda o fato de que felicidade é só passagem, jamais morada. Para a alma vasta, há mais horizontes a serem desvelados e trilhados, a peregrinação é bem mais longa. Se ter é tardar, então ser é partir…

Para fundamentar-me nesta proposta ampliativa, necessito apresentar uma visão do Anthropos, do ser humano. Há milênios, várias visões são postuladas, por diversas escolas e autores, diante da questão primordial: o que é o ser humano? De modo sintético, apresentarei quatro perspectivas que coexistem, em complementariedade, fundamentadas na abordagem do cuidado integral do Colégio Internacional dos Terapeutas, uma inspiração de Jean-Yves Leloup[19].

O primeiro postulado, que já encontramos em Demócrito de Abdera, do V século antes de Cristo, é o fisicalista: o ser humano é matéria, constituído de átomos, células e órgãos, regidos por um sistema nervoso central. Uma visão que pode ser defendida de maneira muito sofisticada atualmente, sobretudo após mais de duas décadas de triunfo da neurociência. Com relação ao nosso tema central, nesta concepção falamos de prazer, um estado aquém da felicidade, com o seu outro polo, a dor.

O segundo postulado é o psicossomático: o corpo humano é habitado por memórias, informações, ou seja, por uma psique ou alma. Aqui atingimos o estatuto de seres almados, habitados por nossos ancestrais, e capazes de felicidade, que é mais do que prazer, pois implica a projeção psíquica de nosso passado em uma experiência particular vivida com a qualidade de felicidade, cujo oposto é o sofrimento.

O terceiro postulado é o psico-somático-noético, que inclui a dimensão noética, do grego nous, que alguns traduzem por espírito, e que prefiro traduzir por consciência da consciência, metaconsciência. Trata-se da nossa dimensão contemplativa, constituída de silêncio e de imagens estruturantes, o jardim dos arquétipos. Aqui estamos em um degrau acima da felicidade, que denomino de júbilo, exultação. O corpo é inquieto, pois possui suas demandas ou necessidades básicas: fome, sede, sexualidade, conforto etc., e a alma também, pois constituída de desejos saltitantes, que Buda metaforizava como um macaco pulando de galho em galho, em busca do fruto – o apego -, na selva do condicionamento humano. Nous, um corpo de transparência, um espelho limpo e sem rastros do passado, vazio fecundo tecido de silêncio e de imagens estruturantes, representa a mente apaziguada e não projetiva, de onde emana a sabedoria profunda, um gozo estético, ético, poético, uma alegria transbordante de natureza arquetípica, a própria consciência do sujeito, que vai além da felicidade, e cujo oposto é o sacrifício, quando o sofrimento se transforma em oferta, sacro-ofício.

Finalmente, o quarto postulado é um quaterno composto de três dimensões existenciais, soma-psique-nous, atravessadas pela Essência da Vida, Pneuma, Grande Espírito, Absoluto, de onde emana a Beatitude ou Bem-aventurança. Além de todos as polaridades, coincidentia oppositorum, apanágio dos seres humanos iluminados, que escalaram até o ápice a Montanha do Ser, palco do Infinito Eterno rejubilando-se de si mesmo.

Na tradição hindu, a expressão em sânscrito para referir-se às qualidades da Essência que transparecem na existência, é Sat-Chit-Ananda, que podemos traduzir como Ser-Consciência-Beatitude. No seu poema ao Nirvana Shatkam, o sábio poeta do Vedanta, Shankaracharya brada, além de todas as aparências: Eu sou Eterna Beatitude e Consciência Pura, Eu Sou, Eu Sou!

Assim, agora podemos pelo menos indicar uma escala gradativa e evolutiva, que concilia o existencial com o essencial, um continuum que inicia com o prazer corporal, se expande na felicidade psíquica, vai além no júbilo noético, e culmina na Beatitude transpessoal, viva expressão de uma espiritualidade encarnada.

9.     O Sentido do Sagrado

Refletir sobre o espectro que, do simples prazer, nos conduz à beatitude, passando pela felicidade e o júbilo, exige a questão imperiosa do sagrado, uma experiência viva, denominada de numinosa por Rudolf Otto[20], que se refere ao paradoxo da luz e da escuridão, tensão entre o racional e o irracional, do fascinante e do aterrorizante no fundamento da vivência do Mysterium Tremendum.

Espiritualidade transreligiosa, que respeita e transcende as religiões por meio de seus valores comuns, é um vasto e importante capítulo da transdisciplinaridade. O sagrado, como um a priori, não se restringe à religião, já que é uma experiência vivida também na filosofia, na ciência e na arte. Como afirma Nicolescu[21], existe uma zona de não resistência do terceiro secretamente incluído, que permite a unificação, na diferenciação, do Sujeito e do Objeto, uma zona de transparência entre os níveis de realidade que corresponde ao sagrado – o que religa. A lógica quântica do terceiro incluído transcende e complementa a clássica aristotélica, com o seu princípio da não contradição, por meio do famoso paradoxo partícula-onda, onde os opostos coexistem. Nas palavras de Nicolescu: “O universo quântico, universo da interconexão, da não separabilidade, implica uma participação do sujeito, verdadeiro microcosmo que reflete o macrocosmo”. Isto instaura um conhecimento apofático, que afirma apenas pela negação, da física moderna em convergência com a mística milenar, pelo prisma de uma racionalidade aberta, complexa, paradoxal e translógica.

No seu âmago, espiritualidade é amor; na prática, é fraternidade. A abordagem transdisciplinar, que lucidamente ousa propor a aliança da ciência com a consciência, do profano com o sagrado, indica novos e ampliados horizontes de um aprender a aprender integral, representando uma terapia paradigmática para a miséria que nos conduziu a dessacralização do mundo, na qual o sujeito degenerou-se em objeto. Aprender a conhecer e a fazer se integra ao aprender a conviver e a ser, na perspectiva reencantada de uma pedagogia da inteireza humana.

No seu enfoque da felicidade autêntica, Martin Seligman[22], da Psicologia Positiva, insiste no significado e no propósito de uma existência significativa, além de agradável e boa, que implica a vinculação com algo maior. “A vida significativa tem um recurso adicional: o emprego das forças pessoais a serviço de alguma coisa maior que nós mesmos. Viver essas três vidas é levar uma vida plena”, afirma Seligman.

Este algo maior aponta para o segredo do sagrado, uma direção transcendente, uma mística natural aberta e acolhedora da dança de Logos e Sophia, de Ágape e Beatitude, taça transbordante de uma graça de Vida abundante.

10.  A Plenitude do Encontro

Ninguém faz ninguém feliz, ninguém é feliz sozinho; fazemo-nos felizes no Encontro. Quando a Universidade Internacional da Paz completou trinta anos de fecunda existência, como um operário entusiasmado e resiliente desde a sua pré-história, coube-me a tarefa de ressignificar o conceito incontornável do Encontro, com inicial maiúscula para fazer jus à sua vastidão, que envolve uma transdimensionalidade complexa, aberta ao campo do sagrado. O Poder do Encontro[23], livro publicado nesta emblemática ocasião, pretende postular a UNIPAZ como uma Universidade do Encontro.

Uma pedagogia, psicologia e terapia da felicidade integral, que inclui suas dimensões complementares do prazer, do júbilo e da Beatitude, solicita a visão aberta e inclusiva do Encontro, um conceito transversal que está implícito em todas as considerações feitas neste texto, na origem do cuidado e da felicidade.

O Encontro transdisciplinar transcorre na simultaneidade de uma ecologia inclusiva – interior, social, ambiental e da Presença -, que abrange os diversos níveis de realidade, bem como as dimensões do físico, do psíquico, do noético e da Essência, em uma trama de complexidade aberta ao terceiro incluído. Fundamenta-se, portanto, na consciência da inteireza, que alia atomismo ao holismo, ciência à consciência, razão ao coração, sensação à intuição, objetividade à subjetividade, efetividade à afetividade, comunicação à transcomunicação, luz à sombra, análise à síntese, Ocidente ao Oriente, constituindo uma matriz fecunda do cuidado integral, de onde pode jorrar a felicidade plena, traduzida na continuidade prazer-felicidade-júbilo-Beatitude.

Alfa e Ômega, somos concebidos no Encontro, nascemos no Encontro, existimos no Encontro e partiremos, no portal que chamamos de morte, para o Encontro. Não será tempo de cultivarmos, com premência, o encontro consigo, com o outro, com a natureza e o Totalmente Outro, para empreendermos a reconstrução da utopia realizável de uma Civilização do Encontro?

Parafraseando Mahatma Gandhi em sua mensagem com o tema complementar da paz, gosto de concluir afirmando que não há caminho para o Encontro; o Encontro é o caminho.

Referências bibliográficas

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  • Weil, P. A Arte de Viver em Paz. São Paulo: Gente, 1993.
  • Weil, P.; Leloup, J-Y; Crema, R. Normose, a patologia da normalidade. Campinas: Verus, 2003.

 

[1] Chouraqui, A. A Bíblia, no Deserto (Números). Rio de Janeiro: Imago, 1997.
[2] Weil, P. A Arte de Viver em Paz. São Paulo: Gente, 1993.
[3] Jung, C. G. Psicologia do Inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984.
[4] Smith, H.; Novak, P. Budismo – uma introdução concisa. São Paulo: Cultrix, 2004.
[5] Tagore, R. Poesia Mística. São Paulo: Paulus, 2003.
[6] Hillman, J. O código do ser. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.
[7] Crema, R. Saúde e Plenitude – um caminho para o Ser. São Paulo: Summus, 1995.
[8] Harari, Y. N. Homo Deus – Uma breve história do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
[9] Weil, P.; Leloup, J-Y; Crema, R. Normose, a patologia da normalidade. Campinas: Verus, 2003.
[10] Jullien, F. Les Transformations silencieuses. Paris: Éditions Grasset & Fasquelle, 2009.
[11] Crema, R. Introdução à Visão Holística. São Paulo: Summus, 1989.
[12] Allione, T. Alimente seus Deuses e Demônios. Enfrente-os, eles só precisam de sua luz. São Paulo: Centro de Estudos Vida & Consciência Editora, 2010.
[13] Krishnamurti, J. Diário de Krishnamurti. São Paulo: Cultrix, 1982.
[14] Becker, E. A Negação da Morte. Rio de Janeiro: Record, 1995.
[15] Castañeda, C. Viagem a Ixtlan. Rio de Janeiro: Record, 1972,
[16] Jung, C. G. O Livro Vermelho – Liber Novus, edição e introdução: Sonu Shandasani. Petrópolis: Vozes, 2013.
[17] Hellinger, B. No centro sentimos leveza. Conferências e Histórias. São Paulo: Cultrix, 2006.
[18] Pessoa, F. O Eu Profundo e os Outros Eus. Rio de Janeiro: José Aguillar Editora, 1974.
[19] Leloup, J-Y; Crema, R. Dimensões do Cuidar – Uma visão integral. Petrópolis: Vozes, 2015
[20] Otto, R. O Sagrado. São Leopoldo: Sinodal/EST; Petrópolis: Vozes, 2007.
[21] Nicolescu, B. (Sous la Direction) Le Sacré aujourd’hui – précédé de Hommage à Michel Camus.Paris: Du Rocher, 2003.
[22] Seligman, M. E. P.  Felicidade Autêntica – Usando a nova Psicologia Positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
[23] Crema, R. O Poder do Encontro – Origem do Cuidado. São Paulo: Tumiak, 2017.