Conheci Pierre Weil no início de 1981. O nosso encontro foi definitivo e redefinidor, iniciando-me na fase transpessoal do meu processo evolutivo.
Nesta ocasião, encontrava-me no meio de uma crise existencial, embora tudo estivesse, aparentemente, correndo bem em todos os meus papéis, sociais e profissionais. Analista transacional didata, com várias formações em outras abordagens humanísticas, como a gestalterapia, bioenergética, biodança, terapia familiar, abordagem centrada na pessoa, etc., completamente materialista, racionalista e agnóstico, recentemente tinha realizado uma mudança radical em minha existência. Um vazio angustiante, de origem desconhecida, cavava o meu peito e algo que eu ignorava me asfixiava… Foi quando olhei para um folder, em minha mão, que falava de um curso de Cosmodrama. Já tinha ouvido falar sobre o seu autor. Pensei: Está na hora de conhecer este tal de Pierre Weil!

Pierre_Weil_foto

Um olhar azul celestial

Acompanhado de um amigo, também analista transacional didata, chegamos ao local do evento. Era um colégio de freiras e a sala exalava simplicidade. Vi um senhor sentado numa cadeira, com a coluna ereta e em silêncio. Ao olhar nos seus olhos azuis – que nem me olhavam – vivi uma profunda sensação de familiaridade e um paradoxal sentimento de estranheza e de conforto invadiu minha alma. Imediatamente, entrei, de forma espontânea e inédita, num estado intensificado de consciência.
Pierre Weil começou a falar. Acompanhava as suas palavras com total atenção e uma sintonia profunda. Num inusitado e inesquecível tempo-espaço ou espaço-templo, este desconhecido e íntimo professor falou da fantasia da separatividade como a raiz do sofrimento humano, apontando para o apego como o fator básico gerador do medo, do estresse e enfermidades decorrentes. Ao escutar este princípio de sabedoria perene, um súbito satori, um clarão de Luz, inundou a mente e o coração daquele jovem, alguns minutos antes, ainda angustiado e perdido. Uma cortina se abriu e ele compreendeu, instantaneamente, a causa de sua angústia, a fonte e o sentido de sua crise. Naquele momento, uma transformação aconteceu, radical e imediatamente, e a sua existência jamais retornou a ser o que era. Para o espanto de sua esposa, que viu um homem sair de casa no final da tarde e outro, muito distinto, retornar, daquela noite de alquimia!…
No final deste seminário iniciático, marco do início de uma metanóia, de um longo itinerário de realização, uma certeza ontológica sussurrava em meu coração: Há uma tarefa a ser realizada com este homem que, no momento justo, apontou-me o horizonte transpessoal e o Reino do Ser!
Movido por esta intuição, algum tempo depois, procurei o Pierre Weil, que nesta época residia em Belo Horizonte. Soube, então, que ele tinha partido para realizar um retiro de três anos, três meses e três semanas, em um lamastério tibetano, no sul da França.
Com um familiar sentimento de abandono e queimando no entusiasmo da busca, iniciei-me no yoga e em intensos estudos e vivências dos caminhos, sobretudo orientais, do despertar para o Ser: hinduísmo, budismo, zen, taoísmo, sufismo, xamanismo, teosofia, antroposofia, Gurdjieff, Yogananda, Ramana Mahashi, Gandhi, Tagore, Krishnamurti, juntamente com os textos contemporâneos da abordagem transpessoal da realidade.

Reencontro para a Missão

Quando o Pierre, finalmente, retornou ao Brasil, tivemos um encontro realmente memorável. Quando o convidei para ser o Presidente de Honra de um congresso humanístico e transpessoal, um projeto que havia nutrido durante todo o tempo de sua ausência, ele desafiou-nos a ir além, com ousadia e lucidez profética: Realizemos um congresso holístico!
Coordenar o I Congresso Holístico Internacional, I CHI, sustentado na recém-publicada Declaração de Veneza, que nos convocou para o desenvolvimento urgente da abordagem transdisciplinar, e na Carta Magna da Universidade Holística Internacional, escrita pelo Pierre Weil, Monique-Thoenig e Jean-Yves Leloup, documentos marcantes e seminais, engendrados no mesmo ano de 1986, foi outra experiência transformadora e definitiva em minha existência. Por incrível que possa parecer, a gestação e realização deste evento, de natureza iniciática – que nos iniciou no exercício do novo paradigma transdisciplinar holístico – deu-se no prazo de uma gestação, exatamente nove meses! Foi um autêntico encontro da ciência com a consciência, que reuniu dezenas de representantes notáveis da ciência moderna, da tradição espiritual, da filosofia e da arte, oriundos de diversos países do mundo, com um público fascinado de mais de mil pessoas, no Centro de Convenções de Brasília, em março de 1987.
O então governador do Distrito Federal, José Aparecido de Oliveira, que participou da mesa inaugural, ao escutar vozes tão tocantes e expressivas, efetivamente participou do congresso. No simpósio do seu encerramento, o governador apresentou-se, assentou-se à mesa conosco e escutou, atentamente, todos os palestrantes. Quando, ao final, a palavra lhe foi concedida, para a perplexidade de todos que ali se encontravam, o visionário José Aparecido, afirmando que aquele congresso não poderia terminar, lançou as bases da Fundação Cidade da Paz, mantenedora da Universidade Internacional da Paz, com o Pierre como seu presidente e reitor!
Desde então, tive o privilégio e alegria de conviver, no louvor e labor do cotidiano, na escola holística da existência e no jardim da utopia realizável de um paradigma transdisciplinar para a paz – até a sua passagem para além da existência – com este grande missionário e líder de uma conspiração irreversível pelo resgate da consciência da inteireza e pela reconstrução do projeto humano, Pierre Weil.

Uma estória de amor

Pierre Weil veio a este mundo em Estrasburgo, Alsácia. Distando apenas dois quilômetros da fronteira da França com a Alemanha, em 1924, nasceu este notável ser humano, cuja missão foi a de lançar pontes sobre todas as fronteiras.
Para a perplexidade do menino Pierre, a sua família congregava o judaísmo, o catolicismo e o protestantismo. Num ato humorístico e também vidente, que anteciparia a vertente integrativa de seus elevados ideais de amor e de fraternidade, Pierre decidiu criar, ludicamente, junto com um primo de infância, uma Associação Católica dos Judeus Protestantes a favor do Islamismo Budista!
Um pouco mais tarde, jovem adolescente, não foi poupado da mais cruel atrocidade do século XX, os horrores da Segunda Guerra Mundial, que deixou marcas indeléveis em seu sensível coração. Aos dezoito anos, quando as tropas alemãs invadiram sua cidade natal, Pierre foi obrigado a se refugiar na França. Como voluntário do movimento da Resistência Francesa, iniciou a sua atividade de educador, cuidando de jovens refugiados da guerra. Foi naquela ocasião que vislumbrou, caminhando em direção a uma ponte que seria explodida pelo movimento de resistência, a sua responsabilidade por um combate totalmente outro, destinado à causa da educação para a paz. No paradoxo desta vivência de destruição de uma ponte, despontava, naquele jovem, o ideal do Pontifex, o construtor de pontes!
Após a guerra, Pierre mudou-se para Paris, onde se iniciou nos rigores da ciência clássica. Formou-se em Psicologia e Educação, tendo tido grandes mestres, como Jean Piaget, André Rey, Henri Piéron, Anne Ancelin Schutzenberger, Igor Caruso, Jacob Lévy Moreno, entre outros. Também se formou em Psicopedagogia, na Universidade de Lion. Em Genebra, Suíça, estudou no Instituto das Ciências da Educação. Posteriormente, recebeu o título de Doutor em Psicologia, pela Universidade de Paris, recebendo uma Menção Honrosa, por sua original tese sobre a Esfinge.

Um Lar chamado Brasil

No início de sua carreira profissional, Pierre aceitou um convite do SENAC para visitar o Brasil. Veio como assistente do Prof. Leon Walter, especialista em Psicologia Industrial, para ensinar métodos de diagnóstico da personalidade, por um período de três meses. Ao olhar para as nossas exuberantes paisagens e, sobretudo, ao sentir o calor afetivo do abraço brasileiro, converteu-se à nossa terra, onde residiu até o seu último suspiro!…
Depois de uma década no SENAC e trabalhando na Sociedade Pestalozzi, junto com Helena Antipoff, foi contratado pelo antigo Banco da Lavoura, hoje Banco Real, para organizar um moderno departamento de desenvolvimento, façanha que realizou com impecabilidade. Como brilhante professor universitário, Pierre Weil também contribuiu, de forma decisiva, para a criação da profissão de psicólogo no Brasil. Foi um dos redatores, juntamente com Eliezer Schneider e Raul Pontual, a pedido de Lourenço Filho e de Myra Lopes, na fase de anteprojeto, da lei que criou esta profissão que, inicialmente, foi denominada de Psicotécnico. Pierre Weil foi contra esta denominação, de forma enfática, solicitando sua modificação para a de Psicologia Aplicada. Eis um reconhecimento que as psicólogas e os psicólogos brasileiros devem à maestria de Pierre Weil!

Crise iniciática, portal para o Ser

Tornou-se um profissional muito bem sucedido e, com cerca de trinta anos de idade, já era autor de best-sellers como Relações Humanas na Família e no Trabalho e O Corpo Fala, ambos publicados pela editora Vozes. Foi quando vivenciou uma profunda crise existencial, de tédio e de angustiante vazio, que culminou com um câncer. Era a crise iniciática: o Sagrado, Aquilo que É, batendo na porta da sua existência efêmera, aquilo que passa…
Pierre escutou a mensagem, extraindo o néctar de significado da sua doença, curando-se e colocando-se na estreita senda do despertar para a plenitude do Ser. Bebeu da boa fonte de muitos mestres da terapia e sabedoria perene, como Krishnamurti e Gurdjieff. Viajou para a Califórnia, onde vivenciou o que Maslow denominava de experiências culminantes, no Esalen Institute. Percorreu caminhos estreitos na Índia e no Himalaia, conhecendo grandes mestres espirituais, como Swami Muktananda. Iniciou-se no Yoga, na Cabala, estudou o Vedanta e vivenciou a tradição milenar do Kashmir Shivaism, experienciando o despertar da Kundalini, a energia ígnea da Grande Vida. E travou contato com Israel, onde se reconectou com o solo sagrado de seu pai e estabeleceu laços com seus primos, entre eles, com o eminente André Chouraqui, célebre tradutor do Antigo e Novo Testamento e do Corão, considerado o Homem de Jerusalém, um dos conferencistas do já citado I CHI.
Pierre conviveu, longamente, com os fundadores da Findhorn Foundation, na Escócia. Fez amizade com sacerdotes do deserto, de forma especial com o Padre Inácio Farah, estagiou e pesquisou em clínica de parapsicologia, entrou em contato com biofísicos russos e percorreu o Mind Control e a Psicossíntese, de Roberto Assagioli. Mentor maior do movimento transpessoal no Brasil, tendo sido um dos seus líderes na Europa, implantou a cadeira de Psicologia Transpessoal na Universidade Federal de Minas Gerais, onde recebeu o título de professor emérito. Na sua sólida e ampla caminhada, fez uma profunda e bela síntese das abordagens ocidentais com as vias orientais, da psicologia contemporânea com a milenar tradição sapiencial, no seu sistema denominado de Cosmodrama, posteriormente ampliado como uma Arte de Viver a Vida. Assim, Pierre Weil logrou uma efetiva e afetiva aliança entre a razão cartesiana com o coração peregrino, o cientista lúcido com o místico dos caminhos da Essência.

A Obra Prima ofertada

Nestas últimas duas décadas, em nosso canteiro de obras da UNIPAZ, dedicado à construção e irradiação da abordagem transdisciplinar holística, que engendrou o nascimento do Colégio Internacional dos Terapeutas – CIT e, mais recentemente, do Festival Mundial da Paz, FESTPAZ, Pierre Weil consolidou a Obra-Prima de sua fecunda existência. Notável e fértil escritor publicou aproximadamente cinqüenta livros, dentre os quais, mais de duas dezenas, sobre o novo paradigma. A Arte de Viver em Paz, de sua autoria, um verdadeiro e consagrado manual de educação para a paz e não violência, que contêm a essência da teoria fundamental da UNIPAZ, foi publicado pela UNESCO e vertido para quase dez idiomas.
A partir da matriz histórica, de Brasília, surgiu uma Rede – e, ultimamente, um Colegiado – de Unidades da UNIPAZ, que se irradiou para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Florianópolis, Curitiba-Mata Atlântica, Vitória, Campinas, Fortaleza, São Paulo, Aracajú, Maceió, Londrina, Recife, Uberlândia, Porto Velho, Lorena-Vale, Chapecó…, consagrando o Brasil como uma das pátrias mais fecundas da nova consciência, este Novo Mundo que abraça o devir e se destaca pelo desenvolvimento de uma cultura transdisciplinar holística de ponta.
Ultrapassando as fronteiras nacionais, a UNIPAZ, em sinergia com o CIT, se propagou também para a Argentina, Equador, Portugal, França, Bélgica, Reino Unido e Canadá, divulgando parcialmente alguns de nossos programas, como o da Formação Holística de Base, a Arte de Viver em Paz, a Arte de Viver a Vida, a Arte de Cuidar, o Beija-Flor, a Casa do Sol – para crianças, o Projeto Taba – para adolescentes, a Formação Holística de Jovens e de Jovens Líderes, Cuidar do Ser, Formação na Abordagem Transpessoal, Síntese Transacional, Eco-Formação… Em setembro de 2009, Goiânia será palco do II Festival Mundial da Paz e do XI Congresso Internacional da Rede Unipaz.
Por outro lado, Pierre estimulou e participou de uma marcante pesquisa parapsicológica, em torno do amigo e especial sensitivo, Amyr Amiden, conduzida pelo eminente parapsicólogo americano, Stanley Krippner, um dos diretores do Saybrook Institute e com a participação do Institute of Noetic Science, criado pelo astronauta Edgard Mitchell. O núcleo desta pesquisa transcorreu durante oito dias, em março de 1994, com uma equipe interdisciplinar, cuja fenomenologia e resultados encontram-se relatados no livro, de diversos autores, Transcomunicação – O Fenômeno Magenta (Pensamento).
Após quase uma década transcorrida, no período de 2003 a 2008, ocorreu um especial desdobramento desta pesquisa, desta vez de natureza transcomunicacional instrumental, circunscrita ao Pierre Weil, Amyr Amiden, Roberto Crema e, quando do seu itinerário anual no Brasil, Jean-Yves Leloup. Mensagens da Luz – Os Anjos Falam (Diálogos do Ser) foi uma obra que brotou desta singular e tocante experimentação, cuja ressonância encontra-se muito presente nos derradeiros livros do Pierre, Lágrimas de Compaixão (Pensamento), Os Mutantes (Verus), Rumo ao Infinito (Vozes) e A Entrega (Vozes), este último, que encerrou a trilogia de sua autobiografia – junto com A Revolução Silenciosa (Pensamento) e o já citado Lágrimas de Compaixão -, tendo sido publicado, numa tocante sincronicidade, no mesmo dia de sua passagem.

Justas homenagens

Pierre Weil, incansável artesão da Paz, recebeu a condecoração da Ordem da Alvorada, das mãos do Governador do Distrito Federal. Pela Câmara Legislativa, foi honrado com o título de cidadão honorário de Brasília e recebeu, em dezembro de 2000, o Prêmio UNESCO de Educação para a Paz, por solicitação de Robert Muller. Apenas um mês antes de sua partida da existência, foi homenageado no III Congresso Internacional de Transdisciplinaridade, por iniciativa de sua Presidente, Maria Cândida Moraes, com uma emocionante fala de nosso amigo especial, Ubiratan D’Ambrosio, numa cerimônia inesquecível, quando todo o auditório levantou-se, vibrantemente o aplaudindo, durante mais de cinco minutos…
Apenas quatro dias antes da sua passagem, Pierre foi também homenageado, no Salão Nobre do Senado Federal, através de uma entrevista, na qual tive o privilégio de participar, ao lado do Fernando Lemos. Com a voz cansada e o olhar já dirigido ao Infinito Eterno, Pierre falou daquele momento relatado, do seu sonho de paz durante a segunda guerra, de seu encantamento pelo Brasil e a sua natureza pacífica – apesar de tudo – do mistério da morte e de sua fé na Vida!…

Três fascinações permanentes

Na minha percepção, a existência e a obra do Pierre Weil transcorreu no marco de três grandes e duradouros fascínios. O primeiro é o mais conhecido por todos: o da Paz, a qual ele dedicou, totalmente, todos os seus dias, noites e madrugadas, suas reflexões e sonhos, seus passos, risos e lágrimas.
O segundo é o do infinito. Com dezoito anos, Pierre criou uma teoria, por ele denominada de infinitismo. Num sábio e feliz insight, ele criou um novo verbo, infinir. De fato, a crise global que vivenciamos é de definição. Definir é delimitar, tornar tudo finito. Enquanto infinir é tudo remeter para o sem início e sem fim do Aberto. Analisar é definir; sintetizar é infinir: eis uma arte imprescindível e transdisciplinar de Aliança, entre a razão e o coração, a ciência moderna e a tradição sapiencial, entre o saber e o Ser.
O terceiro é o da mulher, um tema que conecta, em Pierre, a criança e o ancião… Sua busca da alma gêmea foi intensa e permanente. A mulher foi a sua inspiração fundamental. De fato, é também o fator básico e essencial para a paz e para o transtemporal, a eternidade. Não haverá paz genuína e nem a consciência libertadora do sem-limite, se não resgatarmos o princípio feminino, mistério insondável em todos os universos, feitiço e encantamento total, na epopéia que foi a existência do querido e perene Samurai da Paz, Pierre Weil.

A partida

Alguns minutos antes de tombar de pé, em sua residência de Brasília, para não mais se levantar, na noite de 10 de outubro de 2008, Pierre sussurrou, para alguns ouvidos presentes e atentos: Eles estão aqui! Todos os seus amigos e amigas da Clara Luz, do universo vibrante do invisível – que ele tão bem conheceu -, assim como as suas filhas e, de certo modo, todos nós, os amigos e amigas de senda, que tanto o amamos, ali estávamos, para presenciar a ascensão de um autêntico Ser ao seu Lar de Paz, de Infinito e de Amor Eterno. Vivo, Pierre partiu!
Onda que retornou ao Mar, um olhar celeste e um riso maroto, que seguirá nos inspirando e abençoando, madrugadas adentro, entardeceres afora, nestas trilhas estreitas que nos conduzirão ao seu sonho maior, o alvorecer de um Novo Dia.
Paris, 28 de julho de 2009.